sábado, 21 de março de 2009

Música Grega

Finalmente vou dedicar um post a ela: Música Grega! Minha paixão há alguns anos (desde que entrei na Laiki Kompania), ja me sinto um pouco grega ou redescobri minhas “raízes”, uma vez que o Brasil é um país rico na miscigenação e pode proporcionar a fusão de diversas raças (quem sabe em algum passado distante eu tive parentes gregos... será?). Posso falar um pouco e basicamente sobre os ritmos, tais como: Kalamatiano que tem sua estrutura em 7/8, o Balo que se assemelha ao nosso Baião, Karsilama também é em 7/8, Zeibeikiko que tem a estrutura feita por 3 compassos em 4/4 e um em 6/4, assim sucessivamente durante toda a composição, Tsifiteteli, Sirtakis, e por aí vai... Cada ilha tem um ritmo determinado. Enfim, uma música maravilhosa trabalhada na sua harmonia, melodia e ritmo de maneira forte, marcante e cheia de sentimentos!
Geia sou!!

A própria palavra música nasceu na Grécia, onde "Mousikê" significava "A Arte das Musas". Percebemos a formação da arte grega na civilização cretense, a partir das ruínas de cidades como Tirinto, Micenas e Cnossos. Essa arte abrangia, ao mesmo tempo, a poesia e a dança, e todas essas expressões eram praticadas de modo integrado. Os poemas eram recitados ao som de acompanhamento musical da Lira, daí o nome "Lírica" para denominar esse gênero poético. Os instrumentos principais eram a cítara, a lira e o aulos (instrumento de sopro).
Como os demais povos antigos, os gregos atribuíam aos deuses sua música, definindo-a como uma criação integral do espírito, um meio de alcançar a perfeição.
O desenvolvimento da música paralelamente ao próprio desenvolvimento das cidades gregas, fez com que surgissem teorias filosóficas que procuravam compreender seu significado e importância. Platão considerava que a música tinha grande poder de influência sobre o homem, por isso deveria estar sob controle do Estado, (cidade), considerado como responsável por garantir o bem social
A música grega se baseava em oito escalas diatônicas descendentes- os modos gregos e se fundamentava na ética e na matemática. Pitágoras estabeleceu proporções numéricas para cada intervalo musical.
Seu sistema musical apoiava-se numa escala elementar de quatro sons - o Tetracorde. O canto prendia-se a uma melodia simples, a Monodia,
Os cultos religiosos eram muito simples, nos quais utilizavam-se melodias-padrão, denominados "Nomoi". Partindo dos Nomoi, a música da Grécia evoluiu para a lírica solista, o canto conjunto e o solo instrumental. Depois, vieram as grandes tragédias inteiramente cantadas, que marcaram o apogeu da civilização helênica (do século VI ao século IV a.C.).

Existem três lendas sobre a origem da lira. A primeira lenda diz que num determinado dia, o nobre e belo deus Apolo passeava pela praia, quando deu com o pé no casco de uma tartaruga que estava com as tripas secas e esticadas. Apolo percebeu, então, que fazendo vibrar as tripas, produzia-se som, originando assim a lira grega. A segunda lenda nos diz que Apolo atou algumas cordas de tripa aos chifres de um boi e, desta forma, ter-se-ia originado a lira. Efetivamente havia liras em forma de chifres de boi. A terceira lenda nos conta que, Apolo, saiu um dia para caçar junto de sua irmã Diana e, notou que toda vez que sua irmã atirava com seu arco, a flecha ao ser solta, produzia sons. Por isso, Apolo teria pensado em fazer instrumentos de cordas.
Orfeu, filho de Apolo, era deus da música e da poesia e, segundo a lenda, quando tocava sua lira, encantava até os animais. Do nome Orfeu deriva-se a palavra "orfeão".
O filósofo Pitágoras (século VI -V a.C.) descobriu a relação matemática dos principais intervalos da escala musical: a oitava, expressão pela relação 2:1, a quinta, expressão pela relação 3:2, a quarta, expressão pela relação 4:3, bem como a do tom maior, expressão pela relação 9:8, que exprimiria a diferença entre a quinta e a quarta.
Aristóxeno (nascido entre 375 a 360 a.C. em Tarento), outro filósofo, discípulo de Aristóteles, é considerado o maior teórico da antiguidade helênica; escreveu tratados sobre elementos da harmonia e do ritmo.
Assim, percebemos que as referências sobre a arte musical grega são encontradas na mitologia, em relíquias, tratados teóricos, obras filosóficas e memórias históricas.
Constata-se que a música estava presente na Grécia em todas as manifestações da vida pública, tais como festas religiosas ou profanas, jogos esportivos, teatros, funerais, e até em guerras.

Os gregos não conheceram o canto mágico. Eles acreditavam em deuses e não em espíritos, como nas outras culturas primitivas. Os deuses helênicos viviam nas montanhas, chamadas Olimpo. O mais importante foi o Parnaso, que tinha 2.500 metros de altura e era consagrado a Apolo. Ele era o deus das Artes, da Poesia e da Medicina.
No Parnaso ele regia o coro das Musas. No começo eram três: Melete, a musa da invenção, Mneme, da memória, Aoidé, do canto. Depois passaram a ser nove, divididas em três grupos: As Artes do Raciocínio tinham co mo musas a Clio, da história, Polimnia, da retórica e Urânia, da astronomia; as Artes do Ritmo Falado tinham Tália, musa da comédia, Calíope, da poesia épica, Erato, da poesia ligeira; e as Artes do Ritmo tinham como musas Melponome, da tragédia, Terpsícore, da dança e Euterpe, da música.
Os gregos são apontados como os criadores da estética e da filosofia. São gregas as palavras teologia, filosofia, metafísica, lógica, matemática, geometria, astronomia, física, mecânica e geografia, assim como música, teatro, poesia, retórica, escultura e arquitetura.
Na verdade, a música e os fenômenos artísticos gregos (assim como a sua mitologia): Orfeu era da Trácia (no Norte da Macedônia) e Olimpo era da Frigia, uma cidade Síria. Os modos gregos vieram da Ásia Menor.
A música grega sempre foi associada à palavra. Tudo o que se relacionava com a voz e com o canto recebia o sufixo oda. O canto era função de um só cantor, ou de um coro cantando em uníssono, era uma monodia. A antiga música grega não conheceu a harmonia, só a melodia.
Os timbres de voz eram três: netóide, mesóide e hipatóide, correspondendo ao tenor, ao barítono e ao baixo. E ram vozes masculinas, porque as mulheres eram excluídas do canto. Só bem mais tarde figuravam no coro das Tragédias.
Em homenagem às musas, a "instrução enciclopédica e a educação moral" eram chamadas de musike. A música propriamente dita era chamada de harmonia. Uma canção era uma melos (e daí vem o termo melodia). O canto de uma procissão em direção ao Templo era a prosódia. O canto fúnebre era o trento Os cantos militares eras as embaterias. Os cantos de vitória eram chamados partenias e o canto feminino, usado somente nos casamentos, era a erótica.
O local apropriado para cantar e ouvir cantar era o Odeon e, segundo Aristógenes, havia três estilos melódicos: o dialstático (música excitante), o sistáltico (música enervante) e o hesicástico (música calmante).
Só os filósofos estudavam a teoria e a estética da música grega. E a estética da forma musical era chamada ethos. Os poetas que cantavam suas músicas eram chamados aedos e a associação do canto de um coro com uma pantomima era chamada de orquéstica, assim como a associação de canto com a dança era chamada de hiporquema. As grandes apresentações públicas eram as agones.
Na antiga Grécia eram suas as escolas de música: a Pitagórica e a Harmônica. Os músicos pitagóricos eram matemáticos e seguiam a filosofia numérica de Pitágoras, onde o som gerador era o 1, o 2 era a oitava do som gerador, o 3 era a quinta e o 4 era a quarta. Os harmonicistas negavam o valor dos números mas procuravam também a harmonia e a coerência das esferas celestes ressoando.
O sistema musical grego era o tetracorde descendente, chamado sílaba. Alguns compositores chegaram a usar o pentacorde, doxiam, mas a forma que sobreviveu, por ser a mais constante, foi a soma de duas sílabas que formava uma escala descendente de 8 notas (uma oitava) que os gregos chamavam de diapason (mi, ré, dó, si, lá sol, fá, mi
Eram três os modos gregos: dório (nobre e viril, usado no Coro da Tragédia); o frígio, de origem asiática (energia e movimento) da música de flauta, das Tragédias e Comédias; e o lídio, também asiático, reservado aos lamentos fúnebres mas depois usado também na Tragédia.
Por volta do século V a.C. o modo dórico foi modificado "para colorir a música vocal e instrumental", dando origem à khroma (cor) e à escala cromática.
Os instrumentos musicais mais populares na Grécia eram a flauta de pan, (policálamos), o antigo oboé sírio de duas palhetas, as trombetas de bronze (que podiam ser ouvidas a nove quilômetros), o hidraulos (um órgão hidráulico), o pneumático (uma enorme flauta de pan com um sistema de fole acionado por várias pessoas), o trígono (uma pequena harpa), a lira (instrumento predileto dos poetas, feito com um casco de tartaruga coberto com pele de carneiro e três cordas chamadas verão, primavera e inverno; a forminx (lira de quatro cor das; a lira de Hermes (com sete ou oito cordas), as cítaras ( pectis, aguda, barbitos e magadis, grave).
Os nacionalistas, como Platão, queriam erradicar as cítaras "símbolo de esplendor e luxo asiático que invadiu a Grécia". Não conseguiu.
Do ponto de vista musical a festa mais importante era o culto a Dionísio, chamado ditirambo. Festejava a chega da Primavera e simbolizava a fecundidade. Em um altar um poeta cantava e dançava representando as aventuras dionisíacas e se revezava com outros 11, todos usando roupas feitas com pele de cabra. A manifestação orquéstica terminava com o sacrifício de uma cabra.
Em 534 a.C. o tirano Tespis inventou o carro cênico, um placo sobre rodas onde um recitante representava vários papéis com o recurso de máscaras, modificando o ditirambo que, com o tempo, foi perdendo o aspecto religioso, ganhou dois coros de vozes masculinas e femininas e acompanhamento instrumental.
Em Atenas, por volta do ano 430 a.C. as Grandes Dionisíacas duravam 10 dias e atraía uma multidão para os espetáculos de música, canto, dança e poesia. Os teatros passaram a ser construídos com pedra e a orchestra era uma circunferência de 10 metros, no meio do teatro, onde ficava o coro e o altar onde era sacrificada a cabra.
Platão, citando o chinês Liu Bo We afirmava que "a música de uma época bem ordenada é calma e alegre, e o Governo é uniforme; a música de uma época inquieta é excitada e sombria e o Governo é errado; a música de um Estado decadente é sentimental e triste e o Governo está perigando"
Quando a Grécia foi subjugada pelos romanos e entrou em decadência, sua música ficou sentimental e triste.

3 comentários:

  1. La música é óptima!!!

    Você sabe si cuando se expandió Alejandro el Grande hacia la India, por un lado, y hacia el Africa por el otro, si dejó influencia músical en esas tierras?

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  2. Obrigado, por compartir la música que voce halló para su blog.
    Saludos e Parabéns!!!

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  3. Maravilhosa viagem de olhos abertos pelo berço da música ocidental, a Grécia Antiga. Parabéns!!! Besos!!!
    André Passos

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