sábado, 23 de maio de 2009

Música Africana

A música africana tem grande influência na música das Américas, esta música influenciou todo o continente de Norte a Sul, o jazz nos EUA, a salsa na América Central e o samba na América do Sul. A África é um grande gerador cultural.
A música, para os africanos, é parte integrante da vida social e religiosa, tendo o sentido básico de comunicação, seja ela espiritual, mística ou cotidiana.
Por isso se diz sempre que a música africana é funcional, isto é, não existe por ela mesma. Por exemplo, o talking drum (tambor falante) que hoje integra bandas afro-pop possuía uma função da comunicação entre aldeias, uma espécie de telégrafo musical. Canto, instrumentos, ritos, festas, danças, natureza, afazeres do cotidiano, fazem parte de um mesmo contexto, interagem entre si e formam um todo que dificilmente é desmembrado. Assim é o ‘jeito africano’ de lidar com a música e talvez essa seja a característica mais marcante desse continente.
Quando falamos em música africana, imediatamente a relacionamos ao som de tambores. Sem dúvida, esta característica rítmica em variados timbres de pele é a que mais se difundiu entre nós, mas a riqueza e a variedade da música e instrumentos é indiscutível. Somente nestes últimos anos, é que esta diversidade musical têm se difundido, tornando conhecidas outras faces desta música.
Ao lado da polirritmia rica e complexa dos tambores de vários tamanhos e tipos, podemos apreciar:
• a suavidade das kalimbas (mbiras) são utilizadas para ilustrar historias infantis, como também serve a ritos de possessão de espíritos;
• a sonoridade bela e única do canto contrapontístico dos pigmeus, fundido aos sons de insetos da floresta onde vivem;
• o som das koras de Mali (cítaras de 21 cordas) que frequentemente se fundem tão bem com outros instrumentos de cordas ocidentais
Por um lado, a melodia africana soa natural aos ouvidos ocidentais porque possui algumas características da música européia como os tempos binários, escalas maiores e sentido harmônico-tonal. Por outro, o que diferencia a música africana da ocidental é o uso intenso de intervalos de oitavas, quintas e quartas nas melodias – resultantes da sonoridade da língua tonal africana – e de uma polirritmia sofisticada que, dentro das formas cíclicas, torna-se campo fértil para a improvisação.
Os tambores e as palmas não apenas marcam os compassos, como também acompanham a acentuação derivada das palavras. A fala africana é rítmica, pois tem uma língua tonal, com diferentes nuances entre as vogais. A música africana tem a capacidade de se combinar com outros estilos e tendências tanto pela sua riqueza, quanto pela sua simplicidade. Pulso firme, ritmos cadenciados e melodias de fácil memorização são elementos que fazem da música africana fonte inesgotável de pesquisas e de empréstimos de todos os tipos.
Com uma força impressionante, os sons que nascem no Continente Negro chegam a outros países há séculos, inicialmente trazidos pelos escravos - conservando suas tradições - hoje reavaliados por compositores brancos que buscam em raízes africanas uma renovação estilística. Do jazz a Paul Simon - que com seu "Graceland" provocou uma reapreciação da música africana, o campo é amplo para interpretações.
Na Europa, especialmente a França, o boom de uma nova música africana acentuou-se nos anos 80 - com naturais reflexos em todo o mundo ocidental. Entre tantos instrumentistas/compositores africanos surgidos nestes últimos anos, acrescenta-se agora Selifa Kaita, de Mali, país africano constituído como estado em 1240 e que teve entre seus fundadores Scudjata Keita, antepassado direto do Salif. Iniciando sua carreira como cantor e instrumentista através da banda de metais real de Mali no início dos anos 70, em 1978, já integrava o grupo Les Ambassedeurs e cinco anos depois chegava a Abidjan, na Costa do Marfim, onde com o aprendizado de instrumentos sofisticados ampliou a sua sonoridade.
Gravou alguns discos e um deles, "Manjou", lhe abriu as portas na França, com uma influência que se espelharia pelas Guianas, Senegal e, mais tarde, Cuba, Espanha e Portugal. Agora, em "Soro" (Mango / Island Records / Polygram), no qual somou suas raízes nativas a um moderno instrumental, Salif Keita impressiona com sete composições próprias, vocalizadas de uma forma originalíssima - e amparadas em grupos formados basicamente por músicos africanos.
Com todo trabalho novo, aos nossos desacostumados ouvidos ocidentais, seu som é estranho e, a primeira vista, difícil de ser absorvido, mas contém lirismo e lendas em seus conteúdos, revolvendo idéias tradicionais, temas do passado transpostos ao presente, como diz Nii Yamotei na nota de contracapa deste lançamento no mínimo original.
Ray Lema é outro cantor, compositor e tecladista africano que surge na chamada corrente "world music" - que após permanecer inédita no Brasil tem agora múltiplas edições. Como os outros integrantes desta corrente, Lema traz influências do jazz, rhythm blues, soul, rock e até da música clássica, mas tudo com a argamassa dos sons do Zaire, seu país de origem. Em "Nagadeef", seu primeiro elepê editado no Brasil (o título significa simplesmente "Oi" ou "Hello", em wolof, idioma senegalês), temos uma demonstração de talento deste artista com uma curiosa trajetória. Com 11 anos, no início da década de 50, foi seminarista e no órgão da Igreja, por 5 anos, desenvolveu sua sensibilidade musical. Nos anos 60, desistindo do sacerdócio, foi estudar química na Universidade de Lovanium, em Kinshasa, quando começou a trabalhar na noite, como pianista em clubes noturnos. Mais tarde, interessou-se pela dança e acabou diretor do Ballet Nacional do Zaire, em 1974, ali desenvolvendo trabalhos com tradições, coreografias e folclore de 250 grupos étnicos. A experiência ampliou seus horizontes e formou nesta época o grupo Ya Tupas, que até hoje o acompanha. Em 1979, começou sua carreira internacional: recebeu o prêmio Marcus D'Or, na França, e, em 1980, foi convidado para uma turnê pelos EUA, começando a se tornar conhecido também naquela parte do mundo. Contratado da etiqueta Celluloid - especializada na nova música africana - Ray Lema já tem três discos solos e colaborou com o baterista Stewart Copland no disco "The Rhythmatist".
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Mory Kante é o som que vem de Mali, com um ritmo que há 3 anos se transformou numa espécie de grito de guerra com o nome de Kora nas discotecas parisienses. Incrivelmente dançante, com um próprio (e estranho) instrumento chamado Kora e um verdadeiro exército de vocais e percussões, misturando ritmos africanos com a mais alta tecnologia ocidental, envolta por várias remixagens, Mory Kante é uma estrela. Filho de uma das últimas gerações dos Griots - família da região africana do Mali, onde a Mandinga é um estilo musical passado de pai para filho há séculos, Mory Kante em seu disco de estréia, "Akwaba Beach" adaptou o Kora - uma espécie de harpa, de 21 cordas - para viajar por diferentes mares: jazz, rock, funk e reggae. Para 1991, sai "Touma", segundo disco de Kante, no qual somou aos seus sons primitivos um grupo de stars do pop como o baterista Joe Porcaro, o guitarrista Paul Jackson Jr., o trumpetista Jerry Hay, entre outros.

5 comentários:

  1. Legal, muita música boa!!!
    " quando o tambor tocar, será pele sobre pele..."
    Bjs de Luz!
    mar.

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  2. Alguém sabe o cantor/grupo que interpreta uma cancão cujo refrão é "ema", não sei se tem algo a ver com a ave... Esta música estorou quase ao mesmo tempo "yé ké yé ké" do Mory Kante (no wiki, diz que ele nasceu na Guinée)...

    Um abraço,

    Carlos.

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  3. Lindo seu blog, parabéns! Você foi a melhor referência em pesquisa e busca musical diante do meu pouco conhecimento teórico. Estudei piano anos e sou apreciadora de clássicos, líricos, jazz, afro, bossa-nova... Estou perdida a procura de uma música erudita que tenha uma entrada importante com tambores.(sonho da filha que se casará).Caso seja possível ajudar segue meu email. Myriam

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